O que é a tal de essência?

Talvez a pergunta não seja o que é a essência, mas sim ONDE ELA MORA?

Tem algum quartinho aqui em casa onde ela se esconde ou pelo menos um lugar que eu saiba onde posso deixar um prato de guloseimas com suco de maracujá pra ela?

Eu não sei... ou sei tanto que não quero dividir com você, BOOM!

É possível isso, sabia? Tão possível que cheguei aqui neste sábado de céu azul, Emicida na vitrola cantando tão lindo, filha brincando com a vida e a voz na minha mente desta vez gritou.

Sério.

Ela não está de brincadeira e eu quis fazer essa introdução para que você saiba que o processo as vezes é esse mesmo da sabotagem - seja auto-sabotagem ou aquela que evita que eu divida contigo o melhor que mora em mim. E isso é o acúmulo de muita dor.

Extrapolando isso, chego aqui com um suco geladinho de maracujá e outro de cajú, qual você prefere?

Sirva-se e venha aqui pensar comigo em como a nossa troca é foda :)

Eu estive de frente à portinha trancada da minha essência estes anos todos. Eu lutei para tampar a porta, juro. Coloquei até um armário na frente dela com toda a certeza de que eu a esqueceria, HA HA HA.

Que ilusão mora em mim, em você, em todos nós enquanto sociedade egoista em seus sonhos? Entrei numa brisa muito doida e ao mesmo tempo que depois me solidificou, plantei minhas raizes.

É um trabalho danado bancar uma pose que não é nossa. Bancar a profissão que a mãe sonhou, que dá mais grana, que chega junto aos prantos de choro. E ao mesmo tempo é tão mais fácil!

Mais fácil sorrir e não lidar com a dor da dúvida, da insegurança, da incerteza, dos passos soltos. Soltos, mas que têm chão, sabe?

A conexão real nos dá asas. Deixa a árvore segura, né Frida?

E aí, comecei a ir todos os dias na porta. Deixava lá um lanche e saia correndo. As vezes passava fingindo não ver porque as tarefas estavam pesadas demais no dia a dia. Eu sei que você entende.

Mas o exercício de olhar para a porta me trouxe a consciência de que ela existe. E as vezes eu até gostaria de não ser consciente, rsrsrs, e você? Aff como dá trabalho!

Mas o que viemos fazer na terrinha se não trabalhar, cara humana?

Bom, dia a dia, em cada refeição. Até que me vi lendo um jornal sentada à porta. Conversando com ela como amigas. Perguntando mais que falando, na verdade ouvindo o que ela estava sussurrando e depois passou a falar mais alto e mais alto e agora nós duas somos realmente muito próximas.

Me custou uma mudança não só de casa.

Não só de cidade.

Não só de estado.

Uma mudança de olhar sem medo para a simplicidade que eu amo. Aí mora minha essência: BOOM de novo!

Eu achava que estava lá na casa imensa com vinte banheiros e cinco andares. Que dirigia um carro turbinado comigo e que tinha até marido, ka ka ka. É sério, não estou sendo sarcástica, mas rindo real das tentativas de pegar minha essência com as mãos quando na verdade, aff, ela gosta é de viver LIVRE.

Assim como você, aposto!